CUIDADOS PRÉ-COMPETIÇÃO ESPORTIVA

Este texto é o resumo da minha fala durante o workshop que houve pré-competição no Centro Nacional de Treinamento de Atletismo (CBAt) da Universidade de Fortaleza (Unifor).

CUIDADOS PRÉ-COMPETIÇÃO ESPORTIVA
por Daniel Coriolano (MÉDICO CRM/CE 13090)




Quando pensamos em exercícios físicos e especificamente uma atividade voltada para o alto rendimento, tempos que ter em mente os fatores que permeiam as práticas esportivas para que a manutenção do gesto e a rotina de treino não sejam comprometidas e que os objetivos estimados sejam alcançados durante o campeonato.


Costumo dizer que somos seres semelhantes com infinitas diferenças. Imaginemos nossas células; formadas por núcleo, organelas, membrana citoplasmática. Um nível acima se encontram os tecidos que por sua vez formam os órgãos, sistemas... Todos esses níveis de organizações interagem mediados por neurotransmissores, hormônios, em fim, mediadores químicos. A repercussão desse emaranhado de componentes orgânicos interfere em última análise em padrões peculiares de comportamentos, de respostas diferentes aos mesmos estímulos do meio. É isto que chamamos de “Individualidade biológica”; um dos princípios do treinamento esportivo.

Mesmo sabendo da existência da individualidade biológica, existem recomendações gerais e comuns para todos que objetivam evitar alguns agravos à saúde. De modo a facilitar o entendimento, chamo de 5 “As” do esporte. 1. Alimentação; 2. Água; 3. Alongamento/Aquecimento; 4. Auge e; 5. Arrefecimento.

Alimentação: Evitar jejum prolongado. O consumo de alimento de alto teor energético é benéfico quando associado à restrição de gordura, proteína e fibras nas horas que antecedem a competição. O ideal é que o consumo de carboidratos seja feito até uma 1h antes da prova;

Água: Pré-hidratação com 600-800 ml de água até 2h antes da atividade esportiva e 200-300 ml de água a cada 20-30min de atividade. Hidratação pós-exercício com 1,5x o peso perdido (se perdeu 1 Kg na atividade, consumir 1,5l de água) em até 6h após a prática. Bebidas esportivas geralmente são recomendadas após uma hora de exercício para reposição principalmente de sódio e açucares. A concentração de sódio indicada é de 0,5-0,7g/l e de carboidratos 30-60g/l/h (concentração de carboidratos na bebida deve ser de 6-8%) para manter a glicemia e retardar a fadiga;

Alongamento/Aquecimento: A recomendação quanto ao alongamento é controversa. Diversos autores apresentam dados conflitantes o que nos induz a utilizar o alongamento conforme resposta e aceitação do atleta. Quanto ao aquecimento deve ser específico para a modalidade que será desenvolvida. Quando há aumento na temperatura muscular a ligação entre oxigênio e a hemoglobina fica “fraca” (instável), assim melhora a oxigenação, pois o transporte do oxigênio é facilitado entre o sangue e o músculo. O tipo de aquecimento esportivo também seleciona o equipamento energético que será utilizado; aquecimentos curtos selecionam o maior uso de glicogênio. Em provas mais longas recomenda-se aquecimento mais prolongado. É um momento de ativação do sistema cardiovascular, neuromuscular e preparação mental para o desempenho.

Auge: É a prática propriamente dita da atividade esportiva no momento da competição.

Arrefecimento: Desaquecimento ou recuperação. Evita contrações musculares, desmaios, reduz nível de agentes químicos liberados pelos músculos e que causam dores que prejudicariam sessões de treinos subsequentes. Devem durar 5-10min e é similar ao aquecimento.

Logicamente existem diversos outros fatores envolvidos nos cuidados pré-competição que podem ser acrescentados a este debate que proponho com o texto exposto.


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